quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

200inove

A despeito da convenção que divide o tempo em ciclos, nunca se esqueça que:

"é dentro de você que o ano novo cochila e espera desde sempre."

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Então é natal...

Ou Sim, eu sou ranzinza

Ou ainda Rôu, rôu, rôu pra você também


Eu definitivamente não consigo me empolgar com o Natal. Não porque eu ache a história de Jesus apenas um mito. Eu acho. Mas isso não diminui sua importância na história do mundo ocidental tal como a conhecemos hoje. E o acho mesmo um mito bacana, com uma história bonita e uma mensagem até mesmo revolucionária. O amar ao próximo como a si mesmo se fosse tomado ao pé da letra, sem as deturpações que sofreu pelas religiões, sem os intermediários que dizem falar em nome dele, estaríamos bem melhor. Não duvido. Enfim, a idéia de Jesus é uma idéia bacana, acredite você nele ou não. Mas a forma como se comemora o nascimento desse mito é tão deturpada como o uso que sempre se fez do seu nome. A beleza da simbologia, esvaziada, perde o sentido. O que vivemos é um show de consumismo e gula, protagonizado por outro mito, que acaba roubando a cena mas que não tem nada a dizer.
Falei algo parecido, ano passado, ainda no Tudo aquilo.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Onde a felicidade?



Vovó, que era de um pessimismo angustiante mas que traz à vida uma certa poesia, citava sempre uns versos que hoje, graças ao google, descobri serem do poeta Vicente de Carvalho: “A felicidade está onde nós a pomos/ mas nunca a pomos onde nós estamos.” Já eu, de um otimismo contraditoriamente depressivo, discordo. Não pomos a felicidade em lugar nenhum, porque ela, etérea, está sempre nos escapando das mãos.
Acho mesmo a pergunta do título pura retórica, o que não faz a vida infeliz, de modo algum. É essa busca, por uma felicidade hipotética que nem sabemos bem o que é, que nos move adiante. Ela é que traz a inquietação do nosso eterno desejar. E, como toda questão insolúvel, esta também perambula pela obra dos poetas.
Eça, num dos seus brilhantes contos, disse: “... nada torna o homem recolhido, conchegado à lareira, simples e facilmente feliz – como a guerra. É a paz que, dando os vagares da imaginação, causa as impaciências do desejo.” Eu não sei a que tipo de guerra ele alude, mas é certo que não vivemos em paz, e essas guerras não declaradas definitivamente não aquietam o espírito.
Por isso talvez tenha mais razão outro português, o Pessoa, ao escrever: “Só quem puder obter a estupidez/ Ou a loucura pode ser feliz.” Taí, duas formas de alheamento do mundo. De olhos fechados não se vê toda sujeira. O contratempo: nem uma, nem outra se adquiri por vontade própria.
Mas nem tudo está perdido! Temos as tais horinhas de descuido, que é onde, segundo Guimarães Rosa, está a tal felicidade. A gente nem sempre percebe, mas impossível não sentir o gosto. Daí a gente guarda no HD, porque ouvi alhures que ser feliz é ter prazer nas recordações. E vez ou outra você prova uma das madalenas.
Mas todos os poetas e quiçá os filósofos não chegam a uma definição tão clara, orgânica, visceral como chegou vovó, mesmo sem ter sabido aplicá-la em vida: felicidade é o bom funcionamento dos órgãos vitais. O resto é lucro.

sábado, 29 de novembro de 2008

Da série quotes

"Se a religião é o ópio do povo, o futebol é o baseado."

(do meu primo, ontem no bar)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Das formas de encarar a vida


Calvin e Haroldo é pra mim das tirinhas mais bacanas. O mundo de imaginação de uma criança (e dos adultos também, tá?) é dos bens mais preciosos que se pode ter no mundo. A vida precisa de um lado lúdico, ou se torna impossível. Dura demais. É em criança que desenvolvemos esse lado, mas é como adultos que temos o dever de deixá-lo vivo. Bill Waterson quando resolveu parar de fazer o quadrinho, fechou (?) a história com chave de ouro.


E não é que nas minha andanças pela internet, descobri que o Inagaki descobriu um final apócrifo pra tirinha, que ele classificou – com razão – como a tira mais triste de todos os tempos.

Escolher um fim ou outro muda a história de uma vida. Qual o seu?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

E viva a democracia!



Winston Churchill dizia: a democracia é o pior dos regimes, salvo todos os outros. E não há como não concordar. Mesmo que a gente reclame do nosso protótipo; mesmo que seja difícil achar um lugar onde ela ande de vento em popa, sem muitas pedras no caminho; mesmo que a gente passe dia após dia indignados com todos os descaminhos pelos quais passam nossos governos, a democracia é o melhor dos regimes. Mesmo que ela exista só na intenção, é essa intenção que nos dá o direito de lutar por sua implementação real.
Todo esse papo por causa de um conjunto de rock de mulheres da Arábia Saudita, que vem fazendo um certo sucesso no Myspace: The AccoLade. Lançaram por enquanto só uma música, Pinocchio. E não pretendo fazer aqui nenhuma crítica sobre a qualidade da música, que não é nada demais mesmo. Mas o que impressiona é a coragem das meninas em desafiar uma cultura defendida com métodos nada aprováveis pelo regime do país.
Depois da enxurrada de livros de origem mulçumana pululando nas listas dos mais vendidos no ocidente, eu acabei por descobrir que muitas mulheres lutam pelo direito de usar o véu. Mesmo sem entender, não podemos questionar nem relativizar valores que são diferentes dos nossos. Sobre o assunto, recomendo o livro Neve, que valeu o Nobel ao turco Orhan Pamuk e Persépolis, a animação feita a partir de um quadrinho, da iraniana Marjane Satrapi.
Mas em nenhum momento isso pode deixar de ser uma escolha. E uma banda de mulheres surgir num país onde elas não podem por exemplo votar, dirigir, sair desacompanhadas, estudar ou ir ao médico sem permissão e sem poder se apresentar em público ou mesmo sair em fotos juntas é quase milagre.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Brasil e a malandragem

Quem está ainda se formando intelectualmente e se preparando para o mercado de trabalho, o estudante, tem direito à meia entrada nos espetáculos culturais. Muito justo. Bacana iniciativa. Aí vem o malandro, figura típica da sociedade brasileira, querendo sempre se dar bem a qualquer custo, de quem quer que seja. E 80% das carteirinhas de estudante são falsas.

Tem aquele ditado “o justo paga pelo pecador”. Os ingressos aumentam pra cobrir a perda e viabilizar a produção. A meia fica com valor de inteira. Se ferra o estudante de verdade, que perde o benefício. Se ferra quem não falsifica carteira e paga duas pelo preço de uma. Se ferra o realizador, que tem seu público diminuído e que acaba culpado por cobrar um preço mais alto, que acaba virando a justificativa para burlar a lei e falsificar as tais carteirinhas. É o famoso ciclo vicioso.

Para resolver a situação, o Senado acaba de aprovar uma lei que restringe o benefício, que acabou ganhando o quase ódio da classe artística.

Você consegue pensar outras situações onde essa malandragem acaba por restringir direitos de quem realmente os tem?


domingo, 16 de novembro de 2008

Da série Quotes

“E aí também um pensamento esquisito na cabeça: talvez valha mais uma Alice voando do que mil Alices com os pés no chão.”

(Alice em Alice – minissérie brasileira da HBO)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Testando o Movie Maker

Há um tempo atrás fiz esse vídeo pra testar o windows movie maker. Eu nunca me acostumo a ouvir minha própria voz!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cinismo ou cooperação


Os filósofos contemporâneos, salvo exceções, nomearam o tempo em que vivemos pós-modernidade. Dentre outras mil complexidades, a tal pós-modernidade é (foi?) a era do cinismo. Uma explicação bastante simplista sobre os motivos que levaram a humanidade a isso é a que deu Walter Benjamin sobre a obra de Franz Kafka: não temos nenhuma mensagem definitiva para transmitir, não existe mais uma totalidade de sentidos, mas somente trechos de histórias e de sonhos. Reduzindo ainda mais: as verdades, se é que existem, são apenas relativas. Não havendo determinações absolutas, estas são, em tese, todas descartáveis. Acho que de alguma maneira isso acabou criando uma espécie de homem sem culpa. Algo como uma impossibilidade de enxergar nexo de causalidade entre ações e inevitáveis conseqüências.

Esse esboço de pensamento é uma tentativa de compreender o cinismo como impedimento para adesão a qualquer causa que intencione melhorar o mundo em que vivemos. Pensamos: de que adianta? Aí é que tá. Se esse esvaziamento de utopia serviu pra alguma coisa foi pra entendermos que a única coisa que podemos revolucionar é a nós mesmos. Já até falei aqui sobre a soma de ações individuais.

E repito: não to falando em grandes ações. To falando em pequenos gestos. Começa assim ó:





Aliás, sobre o tema, subi um vídeo bem elucidativo no youtube. São 2 partes: aqui a primeira e a segunda.

domingo, 9 de novembro de 2008

Cai o pano? Ou Sobre o amor e suas particularidades

Toda história tem um começo. Com o big bang, a história da Terra; com João, a história da Bossa; com Rosa Parks, a da vitória de Obama (como bem escreve o Saramago); e com a paixão, a(s) história(s) de amor. E o que eu a contrario sensu ponho em questão aqui é a inexistência de fim nessas últimas.

Sim, as histórias de amor não tem, nunca, um final. Claro, se há amor. O amor é infinito por natureza. Acaba a paixão, acaba o tesão, mas o amor perdura. Acaba até a vontade de compartilhar a vida e então ele vem travestido de um aperto no peito, de um sorriso na lembrança. Nas relações mais equilibradas, de uns esparsos jantares e algumas boas noites de sexo. Mas ele está lá. Ele palpita. Ele vem como um bem que não se deixa de querer. E se aninha.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Da arte de intitular


Diz o Umberto Eco que se começa a interpretar uma obra pelo título. Um homem chamado Barack Hussein Obama não pode ter sido eleito presidente dos EUA agora à toa. É de uma ironia tão bruta que quase faz a piada perder o efeito. Mas de todos os jornais do mundo, O Globo, da província carioca, ganhou destaque no mundo inteiro por ter sido o único a estampar na capa o nome completo do eleito. Nada explicita mais a vontade do povo americano de escorraçar a bushit e seu modus operandi do poder do que esse nome.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

E o abacaxi do século vai para...


Sabe aquela música do Cazuza “Ah, mas não vai explodir nada/ Vão ficar os homens se olhando/ E dizendo: O momento está chegando”? Pois é. Contrariando a tese da qualidade profética da arte, há uma explosão em curso no mundo. O que até certo ponto é contraditório, porque uma explosão é, pelo menos na prática, algo de curta duração. Mas aqui só teorizo. E o que eu sinto/vejo é uma mundo em explosão.

Estamos num dos raros momentos (se é que já existiram outros como esse) em que é necessário que se pegue uma segunda via. O caminho que se percorre hoje não nos traz possibilidade de futuro. Digo Futuro, com F maiúsculo. E não somente a sobrevida, do homem e de outras espécies.

O bafafá em torno de Obama é isso. Estamos vendo nele um redentor. Uma possibilidade. A única.

Mas as coisas não mudam se só um põe a mão na massa. Por isso, ponhemos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sob o sol do Rio

O envolvimento político do carioca só sai do bar pra ir à praia. A maior abstenção nas eleições foi a do Rio. Porque fez sol. E o povo foi pra praia. Muito tempo não fazia sol no fim de semana, poxa. E a maior abstenção foi a da zona sul, pasmem. Os senhores formadores de opinião não largaram a praia nem pra votar no Gabeira! Podem argumentar que a esperança anda miúda (será por má vontade dos jornais?), que político é tudo a mesma porcaria e tal e coisa. Mas eu tenho certeza que é o sol (e o céu, o sal...).

O duro de fugir da responsabilidade é aguentar as conseqüências.

domingo, 26 de outubro de 2008

Sábado no MAM



Arte conceitual sem panfleto explicativo. Cuma?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Do livro que estou lendo à teoria do epifenômeno

OU
Da egolatria de nossa pós-modernidade
OU AINDA
Nós que aqui estamos por vós esperamos


"No princípio, costuma-se contar rigorosamente os mortos, até que as estatísticas percam toda a sua importância. Um só morto é muito mais chocante e solene que um milhão de mortos.Um milhão de mortos tornam as pessoas habituadas à tragédia. Como nas grandes guerras, com bombardeios pesados e armas atômicas. E quando lançarem a bomba final e apocalíptica que aniquilará a todos, isso não será nem mesmo uma tragédia, porque não haverá nenhuma consciência a refletir o desastre. Será apenas o silêncio e o fim simultâneo de todos, como todos terminam isoladamente, por chegar ao fim. Por encontrar sua própria e exclusiva bomba."

(Confissões de Ralfo - Uma autobiografia imaginária - Ségio Sant'anna)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

In media res, o nome


Quando se inicia uma história? Parece fácil responder. Mas toda história é continuidade de uma história prévia. O que nos faz pensar que todos os acontecimentos do mundo, mesmo os mais insignificantes como a nossa vidinha, estão ligados por um (às vezes nem tão) invisível liame. Contar uma história é feito de escolhas. Escolhe-se um tempo, um lugar, uma forma entre tantos milhares.

Aí entram os recursos narrativos, que fazem uma história mais ou menos interessante. Por exemplo, a grande idéia do Tarantino ao contar de forma não linear o seu filme Pulp fiction. Ele se utiliza na verdade de um recurso narrativo que já estava presente nos gregos, Homero, sendo mais exata: o tal do IN MEDIA RES. “No meio dos acontecimentos”, numa tradução consagrada. Começa-se a narrar a ação depois que esta já foi iniciada, guardando na manga o recurso do flashback, depois de já ter instigado o leitor/espectador a conhecer o resto da história.

O uso mais conhecido da técnica foi em Os lusíadas, de Camões, considerada a primeira epopéia moderna, lá do século XVI. A história das navegações de Vasco da Gama começa a ser narrada quando este já está em alto mar: “Já no largo Oceano navegavam,/ as inquietas ondas apartando;”. E somente depois, ele narra os acontecimentos que antecederam a partida.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Semeando idéias

“Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.”

(Drummond – Elegia 1938 - fragmento)


Bin Laden: Says who?

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Poesia a la Las Vegas

Serve o revés


Troco cartas. Espero que alguma mude o jogo.

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Azar.

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Dou um leve sorriso de vencedor

e dobro as apostas.


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Drama a la National geographic

É primavera, os pássaros retornam enchendo o céu de novas cores. Trazem histórias de longas viagens, repetidas todos os anos por tantas gerações. É um ciclo que não muda para os pássaros. Eu os observo displicente. Talvez seja mentira, talvez não atravessem oceanos. Mas prefiro acreditar que sim. Torna a natureza um pouco mais interessante. A potencialidade de drama contida na busca pela vida, que faz os pássaros se lançarem numa arriscada viagem.

Quem sabe atravessar um oceano me alimentando de pequenos peixes também não salve a minha existência?


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Update

Vou me eximir de desculpas pela ausência demorada. Tempo é mercadoria perecível. O meu foi proveitoso em certa medida. Muito estudo e algum ócio. O fato é que aqui estou.


Na caixinha de som: Morena dos olhos d'água, em nostalgia do tempo em que só ouvia Chico. E essa é a que a minha irmã canta ainda hoje pra mim. Aliás, ela deve dar luz hoje, mais tardar amanhã cedo, ao meu novo sobrinho. E mais uma vida se inaugura!


Leitura em andamento: Heranças, de Silviano Santiago, entre outras (alguém lê uma coisa só ao mesmo tempo?). O narrador é um velho, que conta a sua história enquanto espera a morte. O autor me parece querer superar a própria tese, O narrador pós moderno, situando a perspectiva da história nos olhos de um indivíduo que narra sabedoria extraída da própria vivência. Claro que é ainda um pensamento que exige aprimoramento. O livro é deveras interessante.


No cinema: Filme brasileiro, sempre. Os últimos: Nome próprio, com Leandra Leal e seu merecidérrimo Kikito; Minha vida não cabe num Opala, de onde se extraí certa interessância. Adianto uma frase impagável, dita pelo personagem do Peréio: Deus é grande, mas tá mole. Vou ver se volto a falar dos filmes com mais detalhes.


Na internet: Ando tentando explorar a utilidade (?) do twitter. Quem quiser, siga-me.

terça-feira, 24 de junho de 2008

A virtude está no meio?

O que há de mais difícil nessa vida talvez seja dosar o que é bom. Porque o que é bom, a gente geralmente quer em doses cavalares. Como comer só um quadradinho daquele chocolate suiço? Mas consumir devagarinho nossos pequenos prazeres aumenta tanto, mas tanto a satisfação que proporcionam que vale a pena a moderação.

E isso vem de uma pessoa (euzinha mesmo) que sempre teve certo pendor para o exagero. O que mais a idade nos faz?


Falando em exagero, Amy Winehouse está com enfisema, resultado do consumo excessivo de crack, cocaína e cigarro. Aos 24 anos. Um talento como o dela, aquela voz que não faria a menor vergonha cantando junto com Aretha Franklin (A voz), compositora e letrista fantástica, talentosíssima. Há uma certa conexão entre arte e exagero, acho eu. Não é o primeiro exemplo de grande talento que se destrói com o desequilíbrio na busca do prazer.


Aliás, equilíbrio é mesmo difícil. E eu não sou, definitivamente, nenhuma sumidade no assunto (e alguém é?), mas acho que ele passa pela percepção de que somos seres permanentemente insatisfeitos. Só a consciência da insatisfação nos permite aproveitar ao máximo os prazeres, sempre efêmeros, da vida.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Vicky Cristina Barcelona



Adoro Woddy Allen. Dos antigos Manhattan e Annie Hall, que quase sei de cor; dos menos lembrados Desconstruindo Harry e Poderosa Afrodite; dos mais recentes Macht point e O sonho de Cassandra, que é, aliás, estranhamente sombrio em se tratando de Woddy Allen. Adoro todos! E já estou esperando ansiosíssima por este Vicky Cristina Barcelona, o primeiro dele filmado na Espanha e com esse trio e s p e t a c u l a r! O cartaz já dá uma palhinha do clima do filme. No Brasil, só em setembro.

***


Vicky Cristina Barcelona foi exebido em Cannes esse ano, onde o cinema brasileiro teve uma participação grande, com dois filmes na mostra competitiva, levando o prêmio de melhor atriz. Aliás, o cinema brasileiro cresce em prestígio no exterior quase na mesma proporção em que perde público no Brasil. De 2003 pra cá produziu quase 50 filmes a mais e teve mais de 10 milhões de espectadores a menos (no globo online). É a velha questão da distribuição e do acesso aos filmes nacionais que consomem uma verba pública enorme e não chegam ao público. Absurdo dos absurdos.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Da blogosfera:

Uma pesquisa da Universidade de Washington revelou que mais e mais blogueiros são presos por ano, não apenas por abusar dos direitos humanos, mas também por expressar opiniões políticas contrárias ao governo. Lendo a reportagem na BBC Brasil, eu fui achando que era coisa da China, do Irã, desses países não-democráticos onde estamos mais acostumados a ver esse tipo de coisa assim, descaradamente (sim, porque nos ditos democráticos também vemos abusos). Mas diz a reportagem que, apesar de nesses citados países as prisões serem em maior número, estas também ocorrem na Inglaterra, na França, no Canadá, nos EUA.

No Brasil, já tivemos a questão da retirada do blogue do Pedro Dória de um banner em favor da candidatura do Gabeira à prefeitura do Rio, que foi entendido como campanha fora do período regulamentar pelo TRE-RJ. Não que o desdobramento disso vá ser a prisão de blogueiros, pelamoredeus. Não sou teórica da paranóia. Mas nesse incômodo que parece causar o movimento da informação paralela aos grandes veículos de comunicação, nisso percebe-se a sua importância.

Seja pelo lado A ou pelo lado B, pró ou contra quem quer que seja, o que vale é todo mundo ouvir e ser ouvido.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

É impossível ser feliz sozinho?

Depois do dia dos namorados, uma sexta-feira 13. Sintomático, hã! Proponho, pois, a discussão. Entre o individualismo e a vida a dois, qual escolher?

Foi Sócrates quem disse (e Platão quem escreveu em O banquete) que éramos seres hermafroditas tão, mais tão orgulhosos que Deus nos partiu em dois, um feminino e um masculino, e depois disso passamos a vida tentando achar nossa outra metade. Tempos depois, lá pelo final do século XVI, Shakespeare escreveu Romeu e Julieta. Era o começo da instauração da idéia de amor romântico na sociedade ocidental. A partir daí, deu-se toda essa zorra.

Está nas propagandas, nos filmes, nos livros, nas novelas, está em todo o nosso imaginário que pra sermos felizes precisamos de alguém. Nossa outra metade e só assim ficamos completos. Será? Será que não há pessoa no mundo que se baste a si mesmo?

Em entrevista a Veja, um cara chamada Flávio Gikovati, diz que pra ser feliz é preciso apostar no individualismo. Que não seria necessariamente egoismo, mas uma compreensão de si mesmo como uma unidade completa. Mas ele diz que isso não é possível na vida a dois. Nesse ponto eu discordo. Acho que não há maneira da gente se conhecer tão profundamente quanto na convivência da vida a dois.

É aí que entra a questão: há necessidade de se escolher entre individualidade e vida a dois? São duas coisas que se excluem? Não no meu ponto de vista. Pra mim a vida a dois deve se estabelecer na interseção de duas unidades. Nos pontos comuns, o encontro. Nos pontos díspares, a compreensão. Claro que isso tudo pressupõe um equilíbrio que não é fácil de encontrar, mas o fim do amor romântico clássico não precisa necessariamente desembocar no excesso de individualismo pós-moderno. Ser feliz sozinho é uma opção, o que não significa dizer que o amor não é mais uma possibilidade.


quinta-feira, 12 de junho de 2008

Manifesto dos 27 ou lógica do absurdo

Seleção natural. Tudo mudando, adaptando e disso surgiu o homem (e ainda chamam evolução). Jesus foi crucificado, dividiu o tempo em dois e criou o tal do cristão (motivando mais discórdia). Caiu a maçã (Culpada! Desd'o pecado original) e a lei da gravidade prendeu o homem ao chão. Uni-vos! Foi dito, feito e resultou inútil. A Lua, a conquista do espaço... Balela! Mapearam os genes, DNA , essas coisas e somos mais ratos do que pôde supor a nossa pretensa superioridade.

O mundo é um sistema caótico que tentamos – em vão – organizar com teorias diversas. Desconsidere-as. Não dão mesmo conta da fome de explicação. A lógica do absurdo é a regente. E só o impossível tem aptidão pra acontecer.

Voemos, pois!


Para tu. Companhia de elucubrações, vôos e vidas.

Te amo.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A história das coisas



A gente tem a mania de se eximir da responsabilid
ade de todos os problemas. Meio ambiente, corrupção, consumismo, política, etc. Tudo é culpa de um sistema, abstrato e inatingível, e nós somos apenas uma pessoinha, tão pequena e tão vítima. Pensamos: qual a relevância de nosso comportamento diante de problemas tão estruturais? Qual efeito de nossas ações diante de processos que se desenvolvem há tanto tempo? Pois bem. É exatamente a soma de ações individuais que formam o todo. Claro que há a influência desse tal sistema e somos mesmo moldados para agirmos de determinada forma. Mas daí a negar uma atitude crítica e a se colocar fora do problema é outra questão. Exigir atitudes de governos, instituições ou sei lá mais quem que detenha certo tipo de poder como se fossem únicos responsáveis é comum e também necessário. Mas as coisas não se resolvem de cima para baixo. As leis não surgem do nada. Elas são frutos de fatos aos quais a sociedade atribui certo valor e que por isso dão origem às normas. Por isso, sem que a sociedade se mobilize, sem que as consciências individuais formem uma certa consistência que possibilite reivindicações nada nunca mudará. É claro que aos órgãos do poder cabe fiscalizar. Mas nossas atitudes individuais têm função muito maior do que apenas tranqüilizar nossas consciências.


Aqui a primeira parte de um documentário bacanérrimo de uns 20 minutos, A história das coisas. Vale a pena.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Considerações sobre o Cine Brasilis



Muito se discute a respeito do uso da verba pública pelo cinema brasileiro. Eu mesma sou questionadora da forma como se dá o incentivo. Há muito o que melhorar no desenvolvimento do cinema nacional para que ele possa andar com suas próprias pernas e, até que isso aconteça, acho sim que a produção deve ser incentivada. O Brasil só tem hoje um cinema com uma certa projeção internacional por conta desse incentivo. O Peru, por exemplo, festeja o incentivo de U$ 500 mil a 4 produções em 2008, recorde para o país. Enquanto no Brasil investiu-se mais de 130 milhões em mais de 80 produções no mesmo período. Nesse mesmo caminho seguem Argentina e México, na América Latina. Mas essa não é a única via pela qual o Estado deve intervir. Sem que o filme chegue ao público brasileiro, qual a relevância em filmá-lo?

Por isso, muito me alegra ver que a Ancine se mostra também preocupada e, com a intenção de não permanecer mantenedora eterna do circuito, planeje lançar nos próximos meses um Fundo Setorial do Audiovisual, que objetiva apoio além da produção, à distribuição, exibição e infra-estrutura das empresas (fonte – Globo online aqui).

Outro ponto também relevante pra questão: dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 421 têm cinemas. E mesmo que a diminuição das vendas de ingresso seja um fenômeno mundial (o porquê é discussão pra outro post), o Brasil, com 0,5 ingressos vendidos per capita em 2007, está bem atrás de México (1,5 ingressos) e Argentina (0,9 ingressos), seus companheiros na produção da latinoamérica, e far far away dos Estados Unidos, com 4,8, fora a pipoca (dados da pesquisa da Filme B).

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sobre fim, estréias e agruras alvinegras

Morreu neste sábado Lorenzo Odone, que inspirou o filme O óleo de Lorenzo. É a história de um garoto com uma doença raríssima no sistema neurológico e do empenho de seus pais em descobrir um tratamento que prolongasse sua vida. O mais bacana é que conseguiram. O menino, ou melhor, o homem morreu aos 30 anos, vivendo 20 além do prognóstico médico.

Antítese absoluta de outra história que impregnou a mídia nos últimos meses, a dos Nardoni, é bom pra recordarmos que dedicação, renúncia e amor são sentimentos muito mais comuns de se encontrar nas relações de pais com filhos.


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Sex and The city desbancou a nova aventura de Indy nas bilheterias americanas do fim de semana. A comédia romântica mais vista em fim de semana de estréia em todos os tempos! Ponto pra Carrie Bradshaw. Aliás, ela usa no filme uma bolsinha em formato de Torre Eiffel que está no limiar da cafonice e do estilo, mas, dizem, já ta virando moda. E só as quatro protagonistas vestem mais 300 modelitos diferentes.



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Não é à toa que Nelson Rodrigues dizia que o Botafogo era o mais calabrês dos times. É tudo tão sofrido, das vitórias às derrotas, das reações dos torcedores a dos dirigentes e jogadores. É tudo sempre à flor da pele. Eu nunca poderia ser outro time, nem minha exagerada família. Graças a Deus. Dito isto, a despeito dos 2 últimos jogos, saudações alvinegras!