quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Esperando Gullar

Ferreira Gullar é não só o maior poeta brasileiro vivo, é também um pensador da arte e um dos grandes teóricos brasileiros no tema. Sua produção poética é quase um compêndio da evolução da arte brasileira na segunda metade do século XX, até por ser um poeta que reflete sobre a própria obra. Foi do panfletário ao concreto, da preocupação exclusiva com a mensagem política ao extremo da experimentação da forma, até encontrar o meio termo na sua obra prima, Poema sujo, publicado em 76 (mas o meu poema preferido de Gullar – e talvez o meu poema preferido at all, se eu pudesse fazer essa escolha – é A vida bate, de seu livro anterior, Dentro da noite veloz).
Tudo isso porque Gullar pretende lançar, ainda nesse semestre, um novo livro, Em Alguma Parte Alguma, e 5 dos seus novos poemas foram publicados pelo Portal literal. Um deles me agradou de pronto, o que nem sempre é fácil na poesia. Conciso, simples, traduz com perfeição a função essencial da arte de criar a capacidade do livre pensar. Enquanto não chega o resto, fiquemos com ele:


Off price

Que a sorte me livre do mercado
e que me deixe
continuar fazendo (sem o saber)
fora de esquema
meu poema
inesperado
e que eu possa
cada vez mais desaprender
de pensar o pensado
e assim poder
reinventar o certo pelo errado

2 comentários:

Eduardo Machado Santinon disse...

Que bonito esse A vida bate, bonito mesmo, valeu Tici, beijo.

Lucas Jerzy Portela disse...

o maior poeta brasileiro vivo chama-se Gabriel Menotti Gonring, mora em Vitória, não escreve mais, e aos 15 anos escreveu uma obra prima chamada "Ladainha de Evocação ao grande Vácuo".