sexta-feira, 13 de junho de 2008

É impossível ser feliz sozinho?

Depois do dia dos namorados, uma sexta-feira 13. Sintomático, hã! Proponho, pois, a discussão. Entre o individualismo e a vida a dois, qual escolher?

Foi Sócrates quem disse (e Platão quem escreveu em O banquete) que éramos seres hermafroditas tão, mais tão orgulhosos que Deus nos partiu em dois, um feminino e um masculino, e depois disso passamos a vida tentando achar nossa outra metade. Tempos depois, lá pelo final do século XVI, Shakespeare escreveu Romeu e Julieta. Era o começo da instauração da idéia de amor romântico na sociedade ocidental. A partir daí, deu-se toda essa zorra.

Está nas propagandas, nos filmes, nos livros, nas novelas, está em todo o nosso imaginário que pra sermos felizes precisamos de alguém. Nossa outra metade e só assim ficamos completos. Será? Será que não há pessoa no mundo que se baste a si mesmo?

Em entrevista a Veja, um cara chamada Flávio Gikovati, diz que pra ser feliz é preciso apostar no individualismo. Que não seria necessariamente egoismo, mas uma compreensão de si mesmo como uma unidade completa. Mas ele diz que isso não é possível na vida a dois. Nesse ponto eu discordo. Acho que não há maneira da gente se conhecer tão profundamente quanto na convivência da vida a dois.

É aí que entra a questão: há necessidade de se escolher entre individualidade e vida a dois? São duas coisas que se excluem? Não no meu ponto de vista. Pra mim a vida a dois deve se estabelecer na interseção de duas unidades. Nos pontos comuns, o encontro. Nos pontos díspares, a compreensão. Claro que isso tudo pressupõe um equilíbrio que não é fácil de encontrar, mas o fim do amor romântico clássico não precisa necessariamente desembocar no excesso de individualismo pós-moderno. Ser feliz sozinho é uma opção, o que não significa dizer que o amor não é mais uma possibilidade.


Nenhum comentário: