terça-feira, 24 de junho de 2008

A virtude está no meio?

O que há de mais difícil nessa vida talvez seja dosar o que é bom. Porque o que é bom, a gente geralmente quer em doses cavalares. Como comer só um quadradinho daquele chocolate suiço? Mas consumir devagarinho nossos pequenos prazeres aumenta tanto, mas tanto a satisfação que proporcionam que vale a pena a moderação.

E isso vem de uma pessoa (euzinha mesmo) que sempre teve certo pendor para o exagero. O que mais a idade nos faz?


Falando em exagero, Amy Winehouse está com enfisema, resultado do consumo excessivo de crack, cocaína e cigarro. Aos 24 anos. Um talento como o dela, aquela voz que não faria a menor vergonha cantando junto com Aretha Franklin (A voz), compositora e letrista fantástica, talentosíssima. Há uma certa conexão entre arte e exagero, acho eu. Não é o primeiro exemplo de grande talento que se destrói com o desequilíbrio na busca do prazer.


Aliás, equilíbrio é mesmo difícil. E eu não sou, definitivamente, nenhuma sumidade no assunto (e alguém é?), mas acho que ele passa pela percepção de que somos seres permanentemente insatisfeitos. Só a consciência da insatisfação nos permite aproveitar ao máximo os prazeres, sempre efêmeros, da vida.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Vicky Cristina Barcelona



Adoro Woddy Allen. Dos antigos Manhattan e Annie Hall, que quase sei de cor; dos menos lembrados Desconstruindo Harry e Poderosa Afrodite; dos mais recentes Macht point e O sonho de Cassandra, que é, aliás, estranhamente sombrio em se tratando de Woddy Allen. Adoro todos! E já estou esperando ansiosíssima por este Vicky Cristina Barcelona, o primeiro dele filmado na Espanha e com esse trio e s p e t a c u l a r! O cartaz já dá uma palhinha do clima do filme. No Brasil, só em setembro.

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Vicky Cristina Barcelona foi exebido em Cannes esse ano, onde o cinema brasileiro teve uma participação grande, com dois filmes na mostra competitiva, levando o prêmio de melhor atriz. Aliás, o cinema brasileiro cresce em prestígio no exterior quase na mesma proporção em que perde público no Brasil. De 2003 pra cá produziu quase 50 filmes a mais e teve mais de 10 milhões de espectadores a menos (no globo online). É a velha questão da distribuição e do acesso aos filmes nacionais que consomem uma verba pública enorme e não chegam ao público. Absurdo dos absurdos.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Da blogosfera:

Uma pesquisa da Universidade de Washington revelou que mais e mais blogueiros são presos por ano, não apenas por abusar dos direitos humanos, mas também por expressar opiniões políticas contrárias ao governo. Lendo a reportagem na BBC Brasil, eu fui achando que era coisa da China, do Irã, desses países não-democráticos onde estamos mais acostumados a ver esse tipo de coisa assim, descaradamente (sim, porque nos ditos democráticos também vemos abusos). Mas diz a reportagem que, apesar de nesses citados países as prisões serem em maior número, estas também ocorrem na Inglaterra, na França, no Canadá, nos EUA.

No Brasil, já tivemos a questão da retirada do blogue do Pedro Dória de um banner em favor da candidatura do Gabeira à prefeitura do Rio, que foi entendido como campanha fora do período regulamentar pelo TRE-RJ. Não que o desdobramento disso vá ser a prisão de blogueiros, pelamoredeus. Não sou teórica da paranóia. Mas nesse incômodo que parece causar o movimento da informação paralela aos grandes veículos de comunicação, nisso percebe-se a sua importância.

Seja pelo lado A ou pelo lado B, pró ou contra quem quer que seja, o que vale é todo mundo ouvir e ser ouvido.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

É impossível ser feliz sozinho?

Depois do dia dos namorados, uma sexta-feira 13. Sintomático, hã! Proponho, pois, a discussão. Entre o individualismo e a vida a dois, qual escolher?

Foi Sócrates quem disse (e Platão quem escreveu em O banquete) que éramos seres hermafroditas tão, mais tão orgulhosos que Deus nos partiu em dois, um feminino e um masculino, e depois disso passamos a vida tentando achar nossa outra metade. Tempos depois, lá pelo final do século XVI, Shakespeare escreveu Romeu e Julieta. Era o começo da instauração da idéia de amor romântico na sociedade ocidental. A partir daí, deu-se toda essa zorra.

Está nas propagandas, nos filmes, nos livros, nas novelas, está em todo o nosso imaginário que pra sermos felizes precisamos de alguém. Nossa outra metade e só assim ficamos completos. Será? Será que não há pessoa no mundo que se baste a si mesmo?

Em entrevista a Veja, um cara chamada Flávio Gikovati, diz que pra ser feliz é preciso apostar no individualismo. Que não seria necessariamente egoismo, mas uma compreensão de si mesmo como uma unidade completa. Mas ele diz que isso não é possível na vida a dois. Nesse ponto eu discordo. Acho que não há maneira da gente se conhecer tão profundamente quanto na convivência da vida a dois.

É aí que entra a questão: há necessidade de se escolher entre individualidade e vida a dois? São duas coisas que se excluem? Não no meu ponto de vista. Pra mim a vida a dois deve se estabelecer na interseção de duas unidades. Nos pontos comuns, o encontro. Nos pontos díspares, a compreensão. Claro que isso tudo pressupõe um equilíbrio que não é fácil de encontrar, mas o fim do amor romântico clássico não precisa necessariamente desembocar no excesso de individualismo pós-moderno. Ser feliz sozinho é uma opção, o que não significa dizer que o amor não é mais uma possibilidade.


quinta-feira, 12 de junho de 2008

Manifesto dos 27 ou lógica do absurdo

Seleção natural. Tudo mudando, adaptando e disso surgiu o homem (e ainda chamam evolução). Jesus foi crucificado, dividiu o tempo em dois e criou o tal do cristão (motivando mais discórdia). Caiu a maçã (Culpada! Desd'o pecado original) e a lei da gravidade prendeu o homem ao chão. Uni-vos! Foi dito, feito e resultou inútil. A Lua, a conquista do espaço... Balela! Mapearam os genes, DNA , essas coisas e somos mais ratos do que pôde supor a nossa pretensa superioridade.

O mundo é um sistema caótico que tentamos – em vão – organizar com teorias diversas. Desconsidere-as. Não dão mesmo conta da fome de explicação. A lógica do absurdo é a regente. E só o impossível tem aptidão pra acontecer.

Voemos, pois!


Para tu. Companhia de elucubrações, vôos e vidas.

Te amo.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A história das coisas



A gente tem a mania de se eximir da responsabilid
ade de todos os problemas. Meio ambiente, corrupção, consumismo, política, etc. Tudo é culpa de um sistema, abstrato e inatingível, e nós somos apenas uma pessoinha, tão pequena e tão vítima. Pensamos: qual a relevância de nosso comportamento diante de problemas tão estruturais? Qual efeito de nossas ações diante de processos que se desenvolvem há tanto tempo? Pois bem. É exatamente a soma de ações individuais que formam o todo. Claro que há a influência desse tal sistema e somos mesmo moldados para agirmos de determinada forma. Mas daí a negar uma atitude crítica e a se colocar fora do problema é outra questão. Exigir atitudes de governos, instituições ou sei lá mais quem que detenha certo tipo de poder como se fossem únicos responsáveis é comum e também necessário. Mas as coisas não se resolvem de cima para baixo. As leis não surgem do nada. Elas são frutos de fatos aos quais a sociedade atribui certo valor e que por isso dão origem às normas. Por isso, sem que a sociedade se mobilize, sem que as consciências individuais formem uma certa consistência que possibilite reivindicações nada nunca mudará. É claro que aos órgãos do poder cabe fiscalizar. Mas nossas atitudes individuais têm função muito maior do que apenas tranqüilizar nossas consciências.


Aqui a primeira parte de um documentário bacanérrimo de uns 20 minutos, A história das coisas. Vale a pena.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Considerações sobre o Cine Brasilis



Muito se discute a respeito do uso da verba pública pelo cinema brasileiro. Eu mesma sou questionadora da forma como se dá o incentivo. Há muito o que melhorar no desenvolvimento do cinema nacional para que ele possa andar com suas próprias pernas e, até que isso aconteça, acho sim que a produção deve ser incentivada. O Brasil só tem hoje um cinema com uma certa projeção internacional por conta desse incentivo. O Peru, por exemplo, festeja o incentivo de U$ 500 mil a 4 produções em 2008, recorde para o país. Enquanto no Brasil investiu-se mais de 130 milhões em mais de 80 produções no mesmo período. Nesse mesmo caminho seguem Argentina e México, na América Latina. Mas essa não é a única via pela qual o Estado deve intervir. Sem que o filme chegue ao público brasileiro, qual a relevância em filmá-lo?

Por isso, muito me alegra ver que a Ancine se mostra também preocupada e, com a intenção de não permanecer mantenedora eterna do circuito, planeje lançar nos próximos meses um Fundo Setorial do Audiovisual, que objetiva apoio além da produção, à distribuição, exibição e infra-estrutura das empresas (fonte – Globo online aqui).

Outro ponto também relevante pra questão: dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 421 têm cinemas. E mesmo que a diminuição das vendas de ingresso seja um fenômeno mundial (o porquê é discussão pra outro post), o Brasil, com 0,5 ingressos vendidos per capita em 2007, está bem atrás de México (1,5 ingressos) e Argentina (0,9 ingressos), seus companheiros na produção da latinoamérica, e far far away dos Estados Unidos, com 4,8, fora a pipoca (dados da pesquisa da Filme B).

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sobre fim, estréias e agruras alvinegras

Morreu neste sábado Lorenzo Odone, que inspirou o filme O óleo de Lorenzo. É a história de um garoto com uma doença raríssima no sistema neurológico e do empenho de seus pais em descobrir um tratamento que prolongasse sua vida. O mais bacana é que conseguiram. O menino, ou melhor, o homem morreu aos 30 anos, vivendo 20 além do prognóstico médico.

Antítese absoluta de outra história que impregnou a mídia nos últimos meses, a dos Nardoni, é bom pra recordarmos que dedicação, renúncia e amor são sentimentos muito mais comuns de se encontrar nas relações de pais com filhos.


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Sex and The city desbancou a nova aventura de Indy nas bilheterias americanas do fim de semana. A comédia romântica mais vista em fim de semana de estréia em todos os tempos! Ponto pra Carrie Bradshaw. Aliás, ela usa no filme uma bolsinha em formato de Torre Eiffel que está no limiar da cafonice e do estilo, mas, dizem, já ta virando moda. E só as quatro protagonistas vestem mais 300 modelitos diferentes.



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Não é à toa que Nelson Rodrigues dizia que o Botafogo era o mais calabrês dos times. É tudo tão sofrido, das vitórias às derrotas, das reações dos torcedores a dos dirigentes e jogadores. É tudo sempre à flor da pele. Eu nunca poderia ser outro time, nem minha exagerada família. Graças a Deus. Dito isto, a despeito dos 2 últimos jogos, saudações alvinegras!